ana and josi walking in an airport

30 on the road

Era noite de 5 de março de 2018 e nós estávamos aterrissando no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. Dois sentimentos predominavam. Euforia, por cair na estrada sem uma passagem de volta. E pavor, porque depois de abandonarmos carreiras de mais de uma década, era crucial que tudo saísse como o planejado. Era uma noite gelada de inverno. As janelas do metrô, vazio aquela hora, refletiam nossos rostos cansados e ansiosos. A bagagem estava mais pesada do que o necessário, porque ainda não sabíamos que tudo o que precisávamos carregar não cabia em uma mala. O que realmente precisávamos era leve e cabia nas nossas mentes e nos nossos corações.

Esse, no entanto, não foi o início.

Houve um primeiro dia de aula, em março de 2001, quando nos tornamos colegas em um curso de inglês. Também, uma tarde em agosto de 2013, quando um anúncio de intercâmbio foi postado nas redes sociais. Depois disso, um mês em Toronto, no Canadá – Josie já como professora; Ana como estudante; e uma visita a Nova York no Natal, que nos mostrou que viajar com orçamento baixo seria possível.

Mas…

… talvez esse também não tenha sido o início, já que haviam as histórias. Os livros que tivemos oportunidade de ler, os filmes que pudemos assistir e as inúmeras brincadeiras repletas de aventura durante a infância. Quantas vezes estivemos na Rússia, no Japão, na França, no México, em Nárnia, no Mundo de Tinta ou em Hogwarts. Desvendamos mistérios com Agatha Christie no interior da Inglaterra e choramos com Nicholas Sparks em pequenas cidades dos Estados Unidos.

A verdade é que talvez nunca tenha havido um início — mas sim uma mistura de fatores que, em uma madrugada de junho de 2017, nos fizeram trocar uma mensagem: ‘Vamos viajar o mundo?’ Uma ideia desafiadora, que tinha muito de loucura, uma boa dose de coragem e, com certeza, sonhos que não caberiam em uma única vida.

A decisão não foi fácil. Tínhamos tanto medo. Não apenas das questões práticas como dinheiro, imigração, hospedagem e idioma. Elas estavam, sim, no topo da nossa lista, mas hoje, olhando para trás, sabemos que o que mais temíamos era a nós mesmas. Em algum lugar dos nossos corações, sabíamos que não existe caminho de volta quando descobrimos quem realmente somos. E se desvencilhar dos pré-conceitos e das amarras é a parte mais assustadora.

Foram nove meses de planejamento. Dezoito meses de viagem entre seis países na Oceania e nas Américas. E desde então, um projeto nômade que tem nos permitido levar nossa alma para o lugar onde ela pertence: a estrada. Culturas, cidades, países e histórias. Não é à tôa que nossa aventura começa na vida real e ganha as página da ficção.

É para contar essas histórias — reais e imaginadas — que criamos o ’30 on the road’, que em tradução literal, significa ’30 na estrada’, uma alusão à nova década que estamos iniciando. Hoje, o projeto atende à três frentes: literatura, viagens e idiomas.

Assim criamos o nosso universo. Com histórias que não conhecem limites de Geografia, com muito vento no rosto, cheirinho de café passado e um toque de fé e magia.

Pega carona com a gente?