Moraine Lake, Canadá
Vida Nômade

Vida nômade: o que um ano na estrada nos ensinou sobre sonhos

Ansiedade, expectativa e um frio na barriga que beirava o terror. Há exatamente um ano, fechávamos nossas malas para embarcar nesta viagem. No papel, um plano maluco e fora do convencional. Na mente, uma dúvida enorme sobre o que estava por vir. E no coração, esse ser com vida própria que insiste em bater dentro da gente, uma vontade gigante de realizar um sonho.

Não há como descrever a sensação daqueles primeiros meses: o frio na barriga de passar pela primeira imigração (e receber o primeiro sim da viagem), a primeira noite passada em um ônibus enquanto nos dirigíamos a um novo destino, a primeira vez que voluntariamos (e encaramos as tarefas com a mesma seriedade de um presidente de uma multinacional), as primeiras vezes em que conversamos com pessoas de outras nacionalidades, a primeira vez que chegamos na casa de um completo estranho para um house sitting.

Cada detalhe era celebrado como um grande feito. Cada dia era uma batalha a mais que foi vencida. ‘Nós estamos aqui! Nós estamos fazendo isso! Está dando certo!’. Se algum perrengue aparecia no nosso caminho, a gente nem se importava. Dávamos um jeito de resolver e depois, gastávamos horas lembrando e rindo da situação, maravilhadas com a oportunidade que estávamos tendo.

Aos poucos, fomos vendo que o caminho seria generoso. Encontramos tanta gente boa. Recebemos tantos sorrisos. Tivemos tantas portas abertas. Vimos tantas coisas bonitas. Era como se acordássemos todos os dias com uma carta-branca do universo.

E enquanto isso, aprendemos. Todos os dias. Sobre idiomas, sobre estilos de vida, sobre a arte de fazer uma mala prática, entender o transporte público e fazer amizade com desconhecidos. Sobre chegar em uma nova cidade e se sentir em casa no primeiro dia. Aprendemos sobre nós mesmas. Quem somos, o que consideramos importante, quais são nossas verdades e quem queremos ser.

Aprendemos, principalmente, que devemos ser fieis a nós mesmas. Que não existe sonho maluco demais ou grande demais que não possa ser alcançado com boas doses de determinação e entusiasmo. Que quando você diz ‘sim’ para o seu caminho, o universo se encarrega de colocar as pessoas certas e as situações certas.

Hoje, completamos um ano desde que fechamos a mala pela primeira vez. E embora celebramos as conquistas obtidas até aqui, chegamos a essa data com ainda mais sonhos – maiores e mais malucos! Ainda temos muita estrada pela frente. Ainda temos muitas metas a serem cumpridas. Ainda temos objetivos tão grandes, que sentimos todo aquele terror da dúvida de novo.

Mas agora temos também uma jornada de um ano na nossa bagagem. Temos amigos espalhados pelo mundo e habilidades que nunca pensamos que teríamos. Temos fé. Temos vontade de fazer a diferença. E temos, sobretudo, gratidão por tudo que a estrada nos proporcionou. Que venham muito mais planos, projetos, e frio na barriga. A estrada tem muito ainda o que nos mostrar. Sobre o mundo e, principalmente, sobre nós mesmas.

ana e josie no queen park
Porque não basta completar um ano, tem que amassar pão, rechear, assar e levar para o parque para fazer piquenique.